Calvície também atinge as mulheres. Saiba como evitar complicações
20 de setembro de 2018
Saúde
Muito conhecida em homens, a calvície também é motivo de preocupação para a vaidade feminina. Dados da Academia Americana de Dermatologia (AAD) apontam que a alopecia, caracterizada pela redução total ou parcial de cabelos em determinada região da cabeça, atinge mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, sendo que, mais de 100 milhões são mulheres.
De acordo com o cirurgião plástico e especialista em transplantes capilares, Rogério Matoso, o ser humano perde de 60 a 100 fios de cabelo diariamente. Porém, isso não é motivo para desespero, já que a reposição ocorre naturalmente ao longo do tempo. “Apesar de o número assustar, ele está dentro da normalidade. Ele justifica a quantidade de cabelo que se encontra no ralo do banheiro, travesseiro, escova ou até mesmo caído nas roupas”. Mas, o médico pondera que é preciso observar quando os fios estiverem caindo em maior quantidade.
O cirurgião explica que a causa mais comum de calvície é de origem genética (alopecia androgenética). Porém em alguns casos “devem-se investigar disfunções hormonais, principalmente se ocorrem em mulheres. Pode-se associar ao quadro de irregularidade menstrual, acne, crescimento de pelos corporais e sobrepeso”. Ele cita outros distúrbios frequentes que provocam a queda dos fios. “Eflúvio telógeno, que é a queda acentuada dos fios por disfunções hormonais, deficiências nutricionais, pós-parto, pós-doenças infecciosas ou febris e durante o uso de determinados medicamentos, dentre outros fatores”, pontua.
Há ainda a alopecia areata, que provoca queda dos fios em alguns pontos localizados e específicos do couro cabeludo; alopecia frontal fibrosante, que faz com que os fios da parte da frente da cabeça caiam, podendo ocorrer acometimento das sobrancelhas e, em alguns casos, dos pelos dos braços e pernas, além de líquen plano, doença inflamatória crônica, que, entre outros sintomas, também pode levar à queda dos cabelos.
Existem medicamentos que retardam os efeitos da calvície, com ações hormonais e, além disso, podem ser feitos procedimentos cirúrgicos. “As técnicas FUT (Follicular Unit Transplantation) e FUE (Follicular Unit Extraction) são as principais formas de transplante capilar. Na primeira delas, extraem-se fios de uma faixa de couro cabeludo e implanta-se na área atingida pela calvície; já na segunda, o implante é fio a fio”, descreve Matoso.
Prevenção
A médica e tricologista Patrícia Lima, explica que, no caso da calvície, boa qualidade de vida e alimentação equilibrada podem ajudar. Mas, a prevenção é realmente difícil em casos influenciados pela herança genética. “Há tratamentos diferentes para cada caso. A recomendação é procurar um profissional qualificado. Ele detectará a doença e fará o tratamento adequado, como um transplante de cabelo, por exemplo”.
Diagnóstico
Ela ressalta que, caso haja um aumento visível na queda dos fios, é importante procurar um especialista. Para que ele possa fazer a tricoscopia digital – exame que avalia, com ajuda de aparelhos, o couro cabeludo e o aspecto dos fios. Além disso, são investigadas várias causas a partir de exames de sangue. Dessa forma, é possível fazer um diagnóstico correto e definir o tratamento mais adequado para o caso em questão. “Quanto antes for iniciado o acompanhamento, melhores os resultados”.
No Brasil
Segundo a Sociedade Brasileira do Cabelo, 50% das mulheres têm alguma queixa relacionada à queda de cabelos. E a calvície propriamente dita, que é a diminuição aguda dos fios, acomete 5% da população feminina. “A elevação dos níveis de estresse e ansiedade da população de forma geral também podem gerar mais perda de cabelos. Consequentemente, eles contribuem para o aumento da procura pelo tratamento”, revela.
A especialista explica que, quando se fala em calvície, imagina-se uma pessoa completamente calva. Mas, no caso das mulheres, na maior parte das vezes, o que ocorre é que os fios se tornam muito ralos. É incomum que elas cheguem a ficar totalmente carecas. O afinamento dos fios ou miniaturização caracteriza o primeiro sinal da calvície, seguido pela redução da fase anágena (fase em que o fio permanece em crescimento no couro cabeludo). A evolução é lenta e a rarefação do couro cabeludo começa a ser notada de forma progressiva e difusa, poupando, em geral, apenas a linha da franja.
“A mulher começa a notar mais a pele do couro cabeludo ou a queimá-lo após exposição solar”, conta a médica. O quadro pode se iniciar na adolescência, mas, muitos casos têm início após a menopausa.